Uma inteligência coletiva local cultivando autonomia tecnológica e soberania de dados
Quem somos nós? Somos uma equipe de pesquisadores e desenvolvedores de ferramentas livres para apoiar a construção de uma inteligência coletiva local capaz de cultivar autonomia tecnológica e soberania de dados. Também somos professores, trabalhamos dentro da estrutura teórica da Educação Ambiental e, deste ponto de vista, tentamos cultivar nuvens éticas que consideramos novos territórios digitais nos quais procuramos aplicar ações baseadas em uma espécie de Educação Ambiental Digital para ambientes digitais.
A partir desta perspectiva, nós também hackeamos a idéia de cidadania digital no que estamos chamando de floresta digital (uma espécie de cidadania digital para humanos e não-humanos), e convidamos nossos parceiros e usuários dos territórios digitais que co-criamos a fazer uma profunda reflexão sobre suas escolhas tecnológicas para que, desta forma, eles possam despertar sua consciência tecnopolítica em um movimento mais amplo de desalienação técnica, que tem como pano de fundo o entendimento sobre o que vários teóricos chamam de capitalismo de vigilância e colonialismo de dados.
Para nós, os dados estão no centro da vida econômica mundial e, como amazônicos, conhecemos muito bem a importância do conhecimento relacionado ao nosso modo de vida, especialmente nossa relação com rios e florestas. É por isso que estamos procurando inspiração no conhecimento de nossos antepassados, povos indígenas, quilombolas e ribeirinhos, pois esta é a coisa mais próxima que temos de que os humanos possam se comunicar com não-humanos (terra, rio, céu, floresta, animais, etc.).
Um canal de comunicação entre as pessoas e o território, entre o homem e a natureza, e a partir deste entendimento tomar consciência da situação real do meio ambiente, das pessoas e de outros seres não humanos que o habitam. Assim, quem sabe intervir para melhorar a existência de seres humanos e não-humanos.
Neste processo comunicativo, muito conhecimento tem sido acumulado e tem sido fundamental para mudanças positivas no ambiente tanto para humanos quanto para não-humanos. Entre esses bens comuns está o que se conhece até hoje como “Terra Preta de Índio“, que são camadas densas de solo fértil no meio da floresta que são o resultado da interação entre os povos indígenas, animais e plantas. Nosso ponto de vista é que o trabalho que estamos começando a fazer em parceria com várias pessoas, coletivos e organizações para criar infraestruturas de coleta, armazenamento e processamento de dados e comunicação é uma espécie de “Terra Preta de Índio Digital” e consideramos isto um bem comum, que, baseado na participação social dos vários atores envolvidos, pode nos ajudar a ter um canal de comunicação entre as pessoas e o território, entre o homem e a natureza, e a partir deste entendimento tomar consciência da situação real do meio ambiente, das pessoas e de outros seres não humanos que o habitam. Assim, quem sabe intervir para melhorar a existência de seres humanos e não-humanos.
Nossas ações
No momento, estamos realizando treinamentos sobre cultura digital e software livre para os professores da Escola Bosque, e realizando oficinas com os pais dos alunos para instalar o aplicativo Moodle e fazer o download das atividades de apoio ao ensino remoto propostas por seus respectivos professores.
Na Escola Bosque estamos colaborando com um projeto de alfabetização digital orientado à coleta e organização de dados, utilizando o aplicativo gratuito Mapeo articulado com o tema água, e treinando professores da Escola Bosque para usar o Nextcloud em nossa nuvem ética.
Também estamos apoiando as ações orçamentárias participativas da Prefeitura de Belém, através da instância Decidim que ajudamos a instalar e configurar nos servidores da CINBESA (Companhia de Processamento de Dados da Prefeitura de Belém), ganhamos algo muito valioso neste processo que foi o conhecimento de como lidar com o Decidim. Temos gratidão por tantas pessoas, incluindo Antonio Callejas e Javier Toret que nos apresentaram a Pau Adelantado, que nos conduziu nos estudos da ferramenta.
Cada vez mais buscamos uma cooperação mais estreita e parcerias com as comunidades dos respectivos softwares que estamos utilizando, no caso específico da Decidim, nosso trabalho já ganhou espaço em fóruns de colaboração internacional.